segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Dos fumadores profissionais

Se me coubesse a mim a tarefa de separar os fumadores em grupos distintos, separaria em dois . Os vulgares e os profissionais. Sobre os vulgares nem me debruço, afinal são aqueles fumadores de todos os dias, que existem sempre em todos os cafés ou em todas as ruas. Agora os profissionais são uma subespécie bem mais rara e peculiar.
Podemos distingui-los por três condicionantes marcantes. O tabaco que fumam, a maneira como o transportam e o seu isqueiro. Passo a elaborar.
Um fumador profissional não fuma, nunca em circunstancia alguma, Português ou Além-Mar ou sequer Marlboro. É apenas aceitável fumar marcas de superior qualidade (?) e, principalmente, preço do que o bem amado Marlboro. Ocasionalmente fuma cigarrilhas de inquestionável (?) bom gosto e, em dias de festa, autênticos cubanos. Um carimbo de exportação no seu tabaco é sempre motivo de orgulho.
O fumador profissional, também, não transporta o seu tabaco numa qualquer embalagem, muito menos na embalagem de venda dos cigarros. Impossivel seria ver um fumador profissional com o ultimo cigarro do dia no bolso do casaco. O tabaco é somente transportado em cigarreiras. Atenção que não é uma qualquer cigarreira de bazar chinês que se pode considerar apta, longe disso. Para ser digna de um fumador profissional tem de custar, no mínimo, 20€. Existem nas variantes cabedal, prata, ouro e ouro branco. Sempre com o nome ou iniciais do dono marcadas.
O isqueiro também não deixa margens para enganos. Em nenhum universo paralelo, nem no mais surreal episódio da Quinta Dimensão, veremos um fumador profissional com um isqueiro da BIC, a pedir lume a alguém ou a tirar uma caixa de fósforos comprada no Pingo Doce do bolso. Um fumador profissional é um orgulhoso proprietario de um Zippo de 42€ com tecnologia à prova de vento, rádio, tv via satélite e com as iniciais, novamente, embutidas. Vai daí que talvez não tenha rádio ou tv, mas a ideia mantém-se. O fumador profissional é a unica espécie de fumador que há de chorar baba e ranho no dia em que o isqueiro desapareça/fôr roubado/fique esquecido num qualquer sítio.
Apesar de não tão marcante, outro aspecto distintivo no fumador profissional é o ar de quem tem uma vela enfiada no traseiro de cada vez de tira um dos seus incrivelmente caros cigarros da sua, igualmente, incrivelmente cara cigarreira e o acende com o seu, adivinhem, incrivelmente caro isqueiro. Talvez seja uma tentativa de demonstrar uma qualquer aristocracia no que toca às inexistentes hierarquias dos fumadores. Talvez tenha realmente uma vela enfiada no traseiro, cada louco com a sua mania.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Prazos

Acho que cheguei ao tal ponto em que já não há descontentamento que me valha. Não são as inutilidades do Governo que me fazem escrever, nem tão pouco as divagações sem sentido que se veêm no sistema de ensino, não são os cinco centimos a mais no Marlboro, nem os tais 20% no pão. Talvez seja só o prazo de validade de mais um blog qualquer a chegar ao fim. Ou talvez seja só que de tão habituada que estou já nem me lembre de estar descontente.