domingo, 27 de agosto de 2006

Belo dia para uma greve

Analizemos. Verão, mês de Agosto em toda a sua pujança, calor e uma enorme vontade de se enfiar numa praia super populada, ou num centro comercial a abarrotar, ou mesmo num daqueles lugares de piqueniques. Juntemos isso uns pobres duns enfermeiros de Matosinhos, cruelmente obrigados a usar uma farda amarela, cor que segundo eles não é funcional (?) e não dignifica 'a arte da enfermagem' como a anterior farda azul. O que sai daqui? Greve, é claro! Lamento imenso a minha incompreensão para com a vossa mui nobre causa, incompreensão apenas justificada, dirão alguns, pela falta de senso da realidade que tem os jovens delinquentes (leia-se, estudantes) desta sociedade. Mas sinceramente podiam ter arranjado uma desculpa melhorzinha. O chão do hospital era escorregadio, ou pegava demasiado, os sôres doutores olhavam para vocês com um ar de superioridade imerecida, sei lá. Qualquer uma menos fazer greve porque as novas fardas são amarelas!
Hoje está sol por cá, acho que vou fazer greve.

sábado, 26 de agosto de 2006

O bom do consumismo português

Não se queixem da economia portuguesa, não se queixem que não têm moral nenhuma para isso agora. Então vejamos bem, as bandeiras nacionais são feitas e vendidas pelos bons dos chineses. As senhoras da vida são brasileiras. Os honraveis senhores das obras, que nos presenteiam com os belos dos piropos do 'Oh boua', são ucranianos, na melhor das hipóteses africanos. As lojas que atraem os consumistas todos, espanholas. Os restaurantes, bem os restaurantes tem variedade de escolha, ou indianos, ou chineses, ou brazileiros, ou italianos, ou simplesmente aquela treta a que chamam de restaurante de fast-food americano.
Os defensores da dita diversidade cultural que não me caiam em cima, não sou racista, xenófoba ou o que raio queiram chamar. E não tenho nada contra este maralhal todo vir empregar o seu tempinho neste país dos confins. Só não gosto é depois de ter de ouvir os discursos do exmo. senhor Ministro sobre a crise da economia portuguesa e muito menos os comentários dos frequentadores de tascas armados em economistas.
Querem saber que mais? Não sou eu que ando às cambalhotas com as meninas de Ipanema nem a pagar a construção de mais um bloco de apartamentos nem muito menos a entupir as veias com o bom do hamburger ou a congestionar o cerebro com a caipirinha. Pelo resto acuso-me... afinal, se dependesse da Nação andavamos por aí como viemos ao mundo, sóbrios, nus e a morrer de fome.

Efeitos secundários

Não se pode dizer que eu seja uma pessoa atenta às noticias. Na verdade, nem me dou ao trabalho de ver o telejornal ou ler o diário se tiver algo melhor que faça. Mas ao folhear, melhor, navegar pelo Diário de Noticias (sim, internet agora tem disso) de hoje li um titulo que me prendeu a atenção: 'Anti-depressivo vendido em Portugal associado a malformações'.
Isto é genial. Já não bastava termos a maior taxa de depressões da europa e consequentemente sermos os maiores consumidores de anti-depressivos, agora ainda temos mal-formações nos putos filhos dos deprimidos crónicos. Coitados dos miudos, só serem criados por alguém que tenta cortar os pulsos por eles, os putos, não quererem comer a Ceralac já era trauma suficiente. Não precisavam do risco de morrerem aos quinze anos com um problema qualquer no coração.
Um conselho meus amigos, desistam dos anti-depressivos e criem masé um blog. O efeito é quase o mesmo e a ligeira parvoice é um efeito secundário bem mais aceitável.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

O tempo já não é o que era

Ao ritmo que estas coisas vão daqui a dias já nem sei o que é o Verão.
Ainda houve um tempo em que era sinónimo de calor todos os dias e de céu azul sempre. Quando Verão era antónimo de Inverno, lembram-se? Eu não. Dou por mim de guarda chuva em Julho. Manga comprida em Agosto. O que fizemos ao tempo? Antes não havia aquele conceito de estações do ano? Old fashioned, dizem. Lamento imenso não partilhar da mesma euforia. Da opinião de que é menos monotono assim. Não me importava nada de experimentar um Inverno a sério, com frio sempre. Venham lá dizer que a culpa é da Humanidade em geral. O tanas! Que eu sempre fui ver o rotulo da embalagem e procurar aqueles que eram 'amigos do ambiente'. E não é por isso que tenho estações. Sem eufemismos? Façam vocês a vossa parte.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

O antidoto contra o marcadorzinho azul de Salazar

Há muito tempo atrás havia um senhor chamado Salazar que tinha um marcadorzinho azul. Não era um marcador mágico mas era o suficiente para que esse senhor só lesse o que queria ler e o que era bonito. Chamaram a isso censura e o nome pegou. Ninguém escrevia nada que não passasse pelo marcadorzinho e se algo não agradasse a vista do senhor, tumbas, marcador em cima. O tempo passou, o senhor morreu e passado algum tempo também o marcador. Vieram outros senhores com cravos vermelhos e a cantar coisas da liberdade. E toda a gente ficou feliz. Inventaram a liberdade de expressão e já ninguém se lembrava do marcadorzinho. Só que há coisas que não se gostam de ler. E voltaram, devagarinho, a usar o marcador azul. Devagarinho, para que ninguém notasse. Não para riscar, que isso era contra a tal liberdade de expressão, mas para meter mais bonitinho. E voltou-se a ler só o que era bonito.

Descontentamento luso, aquela coisa que só costuma existir na mesa do café, quando todos movem mundos e montanhas. O antidoto contra o marcadorzinho azul de Salazar.