domingo, 27 de agosto de 2006

Belo dia para uma greve

Analizemos. Verão, mês de Agosto em toda a sua pujança, calor e uma enorme vontade de se enfiar numa praia super populada, ou num centro comercial a abarrotar, ou mesmo num daqueles lugares de piqueniques. Juntemos isso uns pobres duns enfermeiros de Matosinhos, cruelmente obrigados a usar uma farda amarela, cor que segundo eles não é funcional (?) e não dignifica 'a arte da enfermagem' como a anterior farda azul. O que sai daqui? Greve, é claro! Lamento imenso a minha incompreensão para com a vossa mui nobre causa, incompreensão apenas justificada, dirão alguns, pela falta de senso da realidade que tem os jovens delinquentes (leia-se, estudantes) desta sociedade. Mas sinceramente podiam ter arranjado uma desculpa melhorzinha. O chão do hospital era escorregadio, ou pegava demasiado, os sôres doutores olhavam para vocês com um ar de superioridade imerecida, sei lá. Qualquer uma menos fazer greve porque as novas fardas são amarelas!
Hoje está sol por cá, acho que vou fazer greve.

2 comentários:

Carlota Rebelo disse...

A minha reação a este texto foi uma gargalhada enorme. Muito bom mesmo!
Demasiado bom até, acho que vou fazer greve! (menos carlota)
Um beijo*

Anónimo disse...

Por vezes a ignorância de uma pessoa leva-a a fazer destes comentários... É por estas razões que o mundo anda chio de comentários iluminados e cujo fundamento muitas vezes deixa muito a desejar!

Os Enfermeiros da ULS de Matosinhos não estão revoltados contra a farda, pela cor. A questão primeira está no tecido que não parece de modo algum capaz de ser adequadamente esterilizado (para aqueles que não sabem o que isto é - esterilização é o tratamento que tem de ser feito para eliminar os microorganismos, que podem tornar-se num grave problema de saúde pública e com os quais os Enfermeiros lidam no seu dia-a-dia). A questão seguinte prende-se com a sua funcionalidade - O comentarista deste blog interrogou esta questão, pois eu passo a explicá-la: Com aquele tecido quente e pouco maleável, com bolsos apenas nas calças, que obrigam a colocar nestes os mais variados objectos (tesoura, canetas, carimbo, ...), torna-se muito difícil prestar cuidados aos utentes - só ques trabalha com esta farça é que pode dar ou não este argumento). Por fim, é obvio que uma farda que não nos identifica como Enfermeiros - convido-vos a ver a farda para avaliarem por vós (e só estou a falar na representação social que possam ter do enfermeiro, porque as outras questões só os próprios saberão como ninguém identificar).

Por fim - a greve que tanto comentam, não é uma greve presencial, ou seja, os Enfermeiros nunca deixaram de prestar cuidados aos utentes, pois não consideramos que devam ser prejudicados. A greve é tão somente àquela farda que nos impigiram sem qualquer consulta, parecer ou dignidade e respeito. Quem está em greve, está a exercer funções, mas com a farda/bata branca, que ainda consideramos ser mais segura, funcional e digna (espero que depois deste comentário compreendam o que queremos dizer).

Quanto aos dias de sol... Vamos apreciando a caminho de cada Domicílio, onde vamos prestar cuidados curativos e preventivos à população...

Cumprimentos

Um enfermeiro da ULS Matosinhos