terça-feira, 28 de novembro de 2006

Publicidades

Se há coisa que me irrita é publicidade enganosa. Imensa desculpa a quem a faz por motivos que lhe são superiores, mas a verdade é que irrita.
Duvido que exista quem desconheça aquele bela história da senhora do gás, com pinta de super-modelo e uns super saltos-altos, que transporta ao longo de uma cidade utópica, onde até os trolhas são lindos de morrer, a nova garrafa de gás Pluma.
Tão publicitada pelo seu diminuto peso, a mítica 'garrafa' custa exactamente o mesmo das antigas mas, e meus amigos tinha de ter um mas, tem menos um kilo de gás. Ok, pensa-se, não há grande problema em pagar o mesmo por um kilo a menos se não tivermos de nos armar em halterofilistas de cada vez que tivermos de levar o gás do carro para casa. Afinal, se uma gaja qualquer nuns calções minusculos e saltos de baile consegue eu também consigo.
E lá fui eu trocar a minha garrafinha de gás, normal como sempre a foi, por uma Pluma. Deram-me uns papeis para a mão 'para controlar as mudanças e terem uma estatistica', disseram eles. Eu por mim tudo bem, desde que a garrafa de gás fosse mais levezinha, tudo bem. Depois fizeram-me pagar mais cinco euros, eu tudo bem mesmo sem perceber o porquê daquilo, afinal a troca era gratuíta. 'É pela devolução da garrafa antiga' disseram eles, e eu acreditei. E finalmente chego à rua, a minha nova Pluma à minha espera, a implorar quase que eu a levantasse sem esforço e a enfiasse no porta-bagagem. Feliz e radiante, estendi os braços para a garrafa e levantei-a e qual não a minha surpresa quando percebo que o raio da Pluma pesa quase a mesma coisa do que a garrafa de gás comum (tirando talvez o kilo de gás que eu pago e não levo)! Percebem agora porque é que a publicidade enganosa me irrita tanto?

domingo, 19 de novembro de 2006

Camera, acção

Esta tarde dirigi-me para o cinema com fé de ver um bom filme. O caso foi o seguinte, eu nem costumo ser uma pessoa mal dizente mas acontece que o filme puxou por mim. Não choro os meus três euros que poderiam ter sido melhor empregues no cafézinho matutino e em esmolas para aquelas gentes que ganham mais que nós, fiquem já a saber. Vim a descobrir que o filme tinha sido feito na decada de oitenta, tudo bem, nada contra que muitos bons filmes já vi e alguns até mais antigos, mas com o começar da película dei de caras com um cenário bem familiar, o filme tinha sido rodado, grande parte, cá na ilha. Penso eu 'Meu Deus! Um filme francês gravado na ilha? Vai ser bonito vai.' E aí os senhores actores começam a falar. Qual não é o meu espanto com a total ausência de legendas. Eu sei que tive três anos de francês, mas não vão por aí. Com o decorrer da história, dei largas à imaginação e pus-me a inventar falas para as personagens. Ainda me diverti, digo. Que ver as caras de dois actores na cama e eu a imaginar uma conversa recheadinha de expressões regionais sobre a vida estar cara e este tempo dar umas tremendas dores nas 'aduelas' tem a sua graça. Mas digo, não salvou o filme. Que se ao menos o argumento valorizasse o facto de para mim aquelas gentes não me parecerem mais que peixes num aquario, a abrir e fechar a boca e a não dizer nada... Mas não, oh argumento mais triste, oh efeitos mais mal conseguidos. Valha-me ter reconhecido dois ou três formosos figurantes que hoje são senhores gordos e de bigode da alta sociedade regional.
Mas pensei, pensei que entre aquele filme de há vinte anos atrás e hoje não mudou assim tanto. Mudaram-se algumas estradas e pintaram-se uns edificios. Montaram-se umas Zaras por aí e espetaram-se uns apartamentos no meio do mato. Mas fora isso, ficou tudo mais ou menos igual. Até o presidente, deus o guarde, é o mesmo.
Oh enfim, podia ter sido pior, podiam ter passado os morangos.

sábado, 18 de novembro de 2006

Vai mais uma greve?

É certo que nos ultimos tempos o que mais tem acontecido por aí são greves. Greves de funcionários públicos, greves de alunos, greves do raio que os parta todos. Deviam os alunos do básico, também eles, fazer uma greve. Usem os seus direitos, peçam aquilo que merecem. Deviam ir todos para a rua, gritos de revolução e bandeiras em mão, exigir sandes com marmelada! Sim, porquê comer pão com queijo todos os dias? Era uma greve, geral, bem planeada e assim sim iamos ver este país a evoluir.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Incoerências

Tenho vindo a pensar que conceitos de cidadania e economia simplesmente não combinam.
É do censo comum a certeza de que os níveis de desemprego estão assustadoramente elevados, sim senhores ninguém discorda. Também é certo que deitar lixo no chão é civicamente errado. Mas veja-se, ser varredor de ruas é emprego, certo? E para existirem varredores de rua tem de haver algo para se varrer. Então porquê todas aquelas campanhas do 'a vida é bela, não deites lixo pela janela' e 'passeia o cão, não deites lixo no chão' ou o caraças? Desde pequeninos que nos dizem 'Deitar lixo no chão é mau, é feio, é incorrecto'. Agora penso eu. Vamos lá supôr, ninguém deitava lixo no chão. Sabem me dizer quantas pessoas iriam ficar sem trabalho? Eu cá não sei, mas suponho que bastantes. Que ninguém contrata cabeleireiros quando é careca.
Digo, deitem lixo para o meio da rua, garantam o emprego a alguém!

(E deixo cá um aparte, ausento-me durante uns dias. Fui para a capital.)

domingo, 5 de novembro de 2006

Consequências da evolução tecnológica

É com muito pesar que informo que o caralhinho encontra-se em vias de extinção. Aquele secular instrumento com as mais diversas aplicações e a sua peculiar forma corre o risco de nunca mais ver a luz do dia. Hoje em dia, ao que parece, os jovens já não se interessam pelo caralhinho. Dizem os entendidos na matéria que a culpa é das constantes inovações tecnológicas, de que os jovens tanto gostam, que lhes ocupam todo o tempo. Preferem então ficar a jogar Playstation do que a tratar do caralhinho. Existem ainda aquelas raras excepções que tentam, em vão, dedicar-se a essa arte mas ficar todo o dia sentado num banquinho de madeira com o dito caralhinho na mão não é oficio facil. Já não se ganha a vida assim. Parece então que o caralhinho tem os dias contados, ou acaba de vez ou rende-se à automação.



PS.: Aos que tiveram a infelicidade de chegar cá desconhecendo por completo o significado da expressão caralhinho informo então que se trata de um instrumento de pau utilizado para fazer poncha.

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Espaço publicitário

Quem segue a programação televisiva sabe que se chegou, mais uma vez, aquela terrível época em que o espaço publicitário dura, como se no dia-a-dia já fosse pouco, mais de metade do tempo do programa. Sim, chegaram as televendas em horário diário, versão infantil. Porque, e Novembro só agora começou, estamos a chegar ao Natal. Natal não é, desenganem-se, sinónimo de paz e amor e Jinglle Bells cantado nas esquinas do mercado. É sim época de gastar toneladas de dinheiro em presentes para gente que possivelmente nos vai oferecer um par de meias brancas com uma risca vermelha. Ou no caso, não vai oferecer absolutamente nada. Cerca de um mês antes do dia em questão começa a passar em todos os canais, ok todos não vá-se lá entender, publicidade de brinquedos. Ponto comum com as televendas? São exactamente as mesmas tretas desde sei lá quando. Outro ponto comum? Niguém quer saber! Ninguém execpto os putos que desatam a berrar que querem o Spiderman ou o raio que os parta e não se calam com isso. É que nos dias que correm já nem se pode dar ao luxo de dizer 'Escreve lá uma carta ao Pai Natal e vai esperar pelo dia 25'. Os miudos já não acreditam no Pai Natal e quem se lixa no meio disto tudo é quem leva com eles.
Agora com licença que já acabou a publicidade do Peter Pan e eu vou voltar à minha televisão.