sábado, 24 de fevereiro de 2007

Dos papelinhos do tabaco

A história é a seguinte, não sei se só funciona na ilha ou se funciona no rectangulozinho português também, mas a nós disseram-nos que se juntassemos um quilo de papelinhos dos cigarros estariamos a contribuir com uma cadeira de rodas para aquelas pessoas que precisam de cadeira de rodas. Isto é tudo muito bonito e altruista mas, verdade seja dita, parece-me tudo um pouco rebuscado. Porquê? Primeiro porque a mim ninguém me disse a quem dou os papelinhos. Parece aquelas histórias indianas em que dás a um amigo que dá ao amigo que dá ao primo que dá a nem sei quem. Anda uma pessoa com cuidadinho a juntar os "selos" do tabaco para posteriormente os deixar jogados nas mãos de um qualquer? Depois, quem é a tal entidade que dá a mui esperada cadeira de rodas? Possivelmente a mesma "pessoa" a quem deveriamos dar os papelinhos. Mas, não sabendo a quem devemos entregar, isto fica tudo um pedaço ao calhas. Talvez seja, provavelmente será, apenas uma lacuna de informação e uma boa alma qualquer de uma empresa tabaqueira se tenha decidido a pagar os seus pecados oferecendo uma cadeira de rodas, assim, em troca de um quilo de papeis do tabaco. Mas sobra sempre espaço para uma boa teoria da conspiração, imaginando-se isto tudo um esquema entre as empresas de tabaco e os serviços médicos privados especializados em problemas pulmunares, que confiando na solidariedade das pessoas que, claro, fumarão unica e exclusivamente para ajudar os pobres desgraçados das cadeiras de rodas trarão imenso lucro a ambas as partes. A mim, soa-me credivel.

Descontentamento a pedido de Frederica Malho, acho eu.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Da abstenção

Ontem realizou-se, finalmente, o tão esperado referendo sobre a despenalização do aborto. O resultado não foi exactamente uma surpresa, mas que choca uma pessoa... isso choca.
Das duas opções ganhou logo a que eu não esperava. Ganhou a que não estava no papel. 58% de abstenções, onde já se viu? Mas que tinha esta gente toda de tão importante que não pudesse gastar cinco minutos do seu mui precioso tempo a fazer uma cruzinha num papel? Deus, andaram uns gajos a atirar cravos que nem uns malucos às paredes e a passear-se em tanquezinhos para quê? Não me queixo que isso valeu-me um feriado por ano mas, digo eu, não anda um gajo armado em revolucionário só para ficar a sornar no dia 25 de Abril. Tive eu que dar a revolução na escola, matar-me a estudar para decorar o nome daqueles marmanjos todos e a que horas é que decidiram fazer o quê para agora esta gentinha achar-se no direito de ficar a mamar sono o domingo todo, ao invés de fazerem um esforçozinho e ir votar?
Da próxima atiro eu um cantaro de cravos à cabeça de quem preferir ficar em casa, só porque sim.