quarta-feira, 23 de agosto de 2006

O antidoto contra o marcadorzinho azul de Salazar

Há muito tempo atrás havia um senhor chamado Salazar que tinha um marcadorzinho azul. Não era um marcador mágico mas era o suficiente para que esse senhor só lesse o que queria ler e o que era bonito. Chamaram a isso censura e o nome pegou. Ninguém escrevia nada que não passasse pelo marcadorzinho e se algo não agradasse a vista do senhor, tumbas, marcador em cima. O tempo passou, o senhor morreu e passado algum tempo também o marcador. Vieram outros senhores com cravos vermelhos e a cantar coisas da liberdade. E toda a gente ficou feliz. Inventaram a liberdade de expressão e já ninguém se lembrava do marcadorzinho. Só que há coisas que não se gostam de ler. E voltaram, devagarinho, a usar o marcador azul. Devagarinho, para que ninguém notasse. Não para riscar, que isso era contra a tal liberdade de expressão, mas para meter mais bonitinho. E voltou-se a ler só o que era bonito.

Descontentamento luso, aquela coisa que só costuma existir na mesa do café, quando todos movem mundos e montanhas. O antidoto contra o marcadorzinho azul de Salazar.

Sem comentários: