terça-feira, 18 de novembro de 2008

Espirito Natalicio

Eu bem sei que isto é apenas o meu segundo "Natal" na Capital, e que como tal não conheço e, certamente, não percebo os vossos costumes. Deve ser isso, porque hoje tive a infelicidade de passar pelo Terreiro do Paço de noite. Não seria nada de excepcional se não fossem as belíssimas decorações de Natal. Ora bem, elaboremos.
Eu gosto de gambiarras e decorações e isso tudo. Mas acontece que a praça do Comércio está coberta, de cima a baixo, de luzes que piscam furiosamente num tom de branco-azulado-strob-de-discoteca. À primeira vista parecia uma daquelas filmagens de guerra, em que muito ao longe se veêm explosões. Mas não. É mesmo o raio do Natal. O gosto do homenzinho que decorou aquela merda pode (é) duvidoso. Contudo, a questão é. Existem epilépticos nesta cidade. E luzes que pisquem depressa tem a tendência a fazer com que os epilépticos tenham um ataquezinho. Vai daí que gente a estrebuchar no chão e a espumar pela boca não é nada agradavel. E se eles caem para o lado errado, onde passam autocarros? Já não era mau o suficiente terem um ataque e ainda por cima são atropelados pelo 36 - Senhor Roubado?
O pior é que o mau gosto é geral. Depois de ter deixado o Terreiro do Passo e a minha mente ir lentamente acalmando, até chegar ao ponto da normalidade em que eu, ao fechar os olhos, já não vejo as luzes a piscar, dei comigo no Rossio. Qual não é o meu choque quando vejo que é o regresso das luzes assassinas, a cobrir uma fachada qualquer de um edificio. E todo o mal fosse esse! No meio da praça estava o fantastico mundo da Leopoldina, ou fosse lá o que fosse, à solta. Um maravilhoso aglomerado de cartão a imitar neve, que supostamente as criancinhas vão adorar. Eu bem me lembro dos meus tempos de criança inocente e, apesar de até hoje saber a musica do Mundo dos Brinquedos de cor, nunca achei muita piada à Leopoldina. E neve de cartolina tambem não me parece grande coisa.
Juro que antes de morar cá achava as gambiarras da Madeira más. Com cestos de uvas e vilhões (continuo sem perceber o que é que isso tem a ver com o Natal) e patinhos amarelos e anjinhos. Mas depois de hoje parece-me a coisa mais bonita do mundo. É que por lá eu ainda andava a saltitar e a cantar coisas de Natal (também é de notar que lá as iluminações começam no dia 1 de Dezembro e não no meio do Verão, praticamente, como acontece por cá). Aqui na Capital, pelo menos este ano, ando demasiado ocupada a ter alucinações induzidas pelos flashes das gambiarras que nem consigo apelar ao espirito natalicio.
Se eu, subitamente, deixar de escrever, é sinal de que entrei em estado psicotico, desatei a estrebuchar pelo chão e fui brutalmente atropelada por um autocarro.


PS.: para os continentais que não souberem o que é uma gambiarra (acontece, eu já conheci gente assim) é basicamente uma corrente de luzinhas para pôr na arvore de natal.

1 comentário:

dossantoslopes disse...

andavas a cantar musicas de natal e nao só no natal, diga-se de passagem. vejo que o teu atrofio com os patinhos amarelos ainda nao passou, é bom sinal!