segunda-feira, 6 de julho de 2009

Do correr para não ir a lado nenhum

Correr é uma actividade cansativa. Uma pessoa sua, esforça o coração, cansa as pernas, depois fica a arfar num canto que parece que vai morrer. Não consigo perceber porque raio alguém haveria de querer correr, ainda mais sem motivo aparente.
Correr porque estamos atrasados para o autocarro, ou porque vem um cão com intenções de nos arrancar um pedaço da perna a correr, também ele, atrás de nós até faz sentido. Continua a não ser agradável, mas faz sentido.
Agora, correr à beira da estrada para, sabe Deus quantos kilometros depois, dar a volta e correr outra vez para de onde viemos, sem sequer ter ido a lado nenhum, ultrapassa-me. Faz bem ao coração? Andar como uma pessoa normal também, na verdade qualquer tipo de esforço que ultrapasse ficar sentado no sofá a carregar no comando da televisão. Faz bem ao físico, emagrece e essas tretas todas? Pois claro que sim, ninguém nega isso, só em suor perderam logo dois quilos.
Mas pronto, eu que sou uma pessoa sedentária por natureza posso não compreender as subtilezas dos amantes do desporto (correcção, exercício físico, que se não há regras e ninguém ganha ninguém não é desporto). Ainda assim há coisas nessa honrosa actividade a que se chama jogging - estrangeirismo usado para descrever o acto de correr para não ir a lado nenhum - que, por muito que tente não consigo entender.
Primeiro que tudo, se querem mesmo, precisam até de, correr porquê fazê-lo debaixo do sol escaldante das duas da tarde? Se suar até perder todos os líquidos do corpo e acabar parecendo uma passa é o objectivo então tudo bem, parabéns, conseguiram. Até deixo a sugestão de correr às duas da tarde no Verão, quando estão 40º, usando um anorak e com botijas de água quente amarradas a todo o corpo, vão ver que suam mais depressa e melhor. Mas se não fôr este o objectivo... Bem, não acreditem muito na minha palavra mas correr à noite deve fazer tanto bem (ou melhor, que pelo menos não há risco de apanhar um cancro na pele).
Segundo, não percebo o porquê de fazer jogging aos pares, ou aos grupos. Jogging não é uma actividade social! Quando se está a correr o único som passível de ser feito é arfar violentamente, ou implorar por água. Nada disto é exactamente uma conversa, então porquê meu Deus ir correr com mais alguém? Será que é uma versão desportista das mulheres-vão-à-casa-de-banho-em-grupos?
Finalmente, e nem por isso menos importante, o vestuário. Sim, é preciso uma roupa confortável e minimamente arejada, especialmente quando se correr sob um sol que dava para assar frangos. Mas quando vemos um homem com uma nádega à mostra, de tão curtos que os calções são, não é uma visão muito agradável. E as mulherzinhas com camisolas mínimas, com um decote até ao umbigo, que não estão preparados para todo o impacto e balanço que têm de aguentar. Visto em câmera lenta mais parece uma versão barata do genérico das Marés Vivas, sem tanto plástico convenhamos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois. Correr é cansativo e faz bem. Eu já andei nessas vidas de correr para não ir a lado nenhum. Suava. Arfava. Cansava-me. Até me enrolava em plástico daqueles de embrulhar as sandes pra levar pó almoço da faculdade só para suar mais. Era asqueroso, confesso. Deixei-me disso. Até porque não aguento cumprir os objectivos que imponho a mim mesma de correr durante uma hora todos os dias. É fisicamente impossível para mim, recuso-me.

Há formas melhores de emagrecer.

Quanto à actividade social que o jogging "implica"... Também fiz a figura de ir com uma amiga e tentarmos falar enquanto corríamos. Quer dizer, nós não tentámos, nós falámos mesmo. Mas por entre muito arfanço. E acabei por começar a fazer essa prática a ouvir música. Mas depois diseram-me que isso fazia mal ao cérebro, por causa do oxigénio, blá blá blá... Claro que não foi por causa disso que deixei de correr, foi mesmo porque detesto. Era uma obrigação ir correr, não me dava prazer nenhum.