segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dos concertos

Gosto de observar pessoas. Gosto especialmente quando estas não fazem a mínima ideia de que estão a ser observadas - um concerto, digamos. É que num concerto está, por norma, escuro e tem um bando de gente num palco a tocar, com luzes a chamar atenção... E as pessoas partem do pressuposto que ninguém vai olhar para lado nenhum que não o palco, e fazem o que lhes dá na real gana. Oh, olhar para o público num concerto é das coisas mais cómicas que se pode fazer.
Estava um gajo a abanar violentamente a cabeça, convicto que estava no mais hardcore dos concertos de metalada (e a música, posso garantir, não tinha nada a ver com isso). Uma rapariga, solitariamente em pé no meio de uma multidão sentada, abanava-se freneticamente como se fosse uma shakira com três costelas partidas. Outro gajo, se calhar bipolar, não se conseguia decidir entre juntar-se ao metaleiro no headbanging ou abanar-se suavemente ao som da música - o que resultou em movimentos estranhos que mais pareciam espasmos que quase fizeram com que os óculos lhe saltassem da cara duas ou três vezes.
A personagem da noite foi, sem dúvida, o velhote-on-speeds, com quem eu tive o prazer de uma convivência próxima, visto que o homem estava mesmo à minha frente. O velhote parecia que estava no Saturday Night Fever, a fazer aqueles passos de dança à lá Travolta mas dez vezes acima da velocidade normal e isto tudo enquanto saltava.
Sobra ainda o duo-maravilha. A rapariga que achava que era o Rocky Balboa e que passou o tempo todo a dar socos no ar, pareceu-me a mim que ao som do Eye of the Tiger. E a amiga que, pela maneira como dançava, de certeza que pertencia ao rancho folclórico da Pampilhosa da Serra.
O mais triste é que nada disto tinha o mínimo a ver com a música que estavam a tocar. Comprovem se quiserem.



E sim, o concerto foi genialmente bom, assim como a banda o é. Não deixem que o meu interesse nas personagens dançantes que me rodeiam engane.

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